Temos a liberdade de escolher ou recusar…..

Temos a liberdade de escolher ou recusar…..

Data: 1 de abril de 2020

“Temos a liberdade de escolher ou de recusar o que é.
A liberdade é também, a liberdade de interpretar. Estamos condenados a interpretar. Assim, se eu tiver uma doença, sua evolução será diferente, dependendo da forma como eu vier a interpretá-la. Minha interpretação não é simplesmente um pensamento isolado, mas tem uma incidência física.
Esta capacidade que o homem tem de interpretar, de atribuir (ou não) sentido ao que lhe acontece, é exatamente o que transforma seu destino em um projeto consciente. Nossa verdadeira liberdade reside no fato de passarmos de uma vida suportada para uma vida assumida. Trata-se sempre da mesma vida, dos mesmos sintomas, da mesma doença, do mesmo sofrimento ou da mesma felicidade… mas, se me limito a soportá-la, deixo de exercer essa capacidade própria ao homem de interpretar, imaginar, orientar, atribuir sentido ao que lhe acontece… E nesse caso, estarei em situação de identificação.
É verdade que o maior sofrimento é aquele ao qual não é possível dar sentido. Mas creio que há um momento em que devemos interromper nossa busca de justificativas; um momento em que devemos aceitar que, apesar de certas coisas não terem sentido para nossa razão, nem por isso elas deixam de ter sentido… com toda a certeza, elas parecem absurdas! Mas absurdas por quê? Para quem?
O sentido de certas provações está para além da razão, para além da compreensão. Devemos descobrir a aceitação do não sentido, a aceitação do absurdo, porque é tal atitude que nos ajuda a chegar ao “sentido que está além da razão”. Eis a razão pela qual a experiência do absurdo parece-me muito importante.
E no amâgo do absurdo que irei descobrir o sentido do intolerável. Caso contrário, só existirão razões e justificativas.”
Jean-Yves Leloup

No âmago do absurdo, posso encontrar a graça.

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